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As Bem-Aventuranças como caminho para a Santidade

A Santidade é a vocação fundamental à qual somos todos chamados enquanto seguidores de Jesus Cristo. Deus é santo, nós precisamos ser santos, somos um tesouro em vasos de argila em formação, e Deus é o paciente oleiro na sombra mais profunda de nosso barro, que nunca desiste de modelar este barro.

Nós nos tornamos santos vivendo as Bem-Aventuranças. O chamado à santidade é para todos, porque a Igreja sempre ensinou que é um chamado universal e possível a qualquer um. Não tenhas medo da santidade. Não tenhas medo de buscar o que é mais alto na vida cristã. Não tenhas medo de te deixares guiar pelo Espírito Santo.

O Papa Francisco nos sugere na Gaudete Et Exsultate, a exortação apostólica sobre a santidade, oito pontos das Bem Aventuranças:

 

1. Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu.

Reconhecer a verdade do nosso coração, para ver onde colocamos a segurança da nossa vida. Não podemos encontrar segurança nas riquezas, nem nas coisas que passam. Precisamos estar com o nosso coração livre, sem apegos, para que o Senhor possa entrar. São Paulo escreve em uma das suas cartas que, depois de ter sofrido e vivido uma vida com Cristo, para ele nada mais importava, porque ele tinha encontrado Cristo. Só podemos ser pessoas livres se, de fato, O encontramos. Assim seremos pobres no coração: isto é Santidade.

 

2. Felizes os mansos, porque possuirão a terra.

Ser manso é um desafio no mundo em que vivemos hoje, em meio a tantas guerras, violência e ódio. Hoje, impera o reino do orgulho, da arrogância e da vaidade; quem pode mais se torna superior ao outro, considerando-se mais forte e poderoso. Jesus, o Verbo que se fez carne, o Filho de Deus, se apresenta como aquele que veio para nos ensinar a ser mansos e humildes de coração, a vencermos o violento, o prepotente e arrogante com humildade e caridade. Jesus venceu o mal com a humildade e o amor. Para Santa Teresa de Lisieux, “a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, em não se escandalizar com as suas fraquezas”. São Paulo nos recorda que a mansidão é fruto de uma vida vivida no Espírito Santo.

 

3. Felizes os que choram, porque serão consolados.

O mundo ignora o sofrimento, abomina o sacrifício de Cristo na Cruz e propõe-nos o contrário: o entretenimento, o prazer pelo prazer, a distração, o divertimento. E diz-nos que isto é que torna boa a vida. Quando nosso coração endurece diante do sofrimento, isso pode ser um sinal de que estamos longe de Deus. Jesus chorou diante do Seu amigo Lázaro que tinha morrido; ignorar o sofrimento alheio é ignorar Deus. São Paulo nos exorta em Romanos: “Chorai com os que choram” (Rm 12,15). O Papa escreve que saber chorar com os que choram é santidade.

 

4. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

A Fome e a sede são experiências muito intensas, relacionadas com a necessidade humana. Sem comer e beber não sobrevivemos, e morremos. Vivemos num mundo injusto, temos fome e sede da verdade, da justiça, do amor e da solidariedade. “Procurai o que é justo, socorrei os oprimidos, fazei justiça aos órfãos, defendei as viúvas.” (Is 1,17) Buscar a justiça com fome e sede: isto é Santidade.

 

5. Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

Usar de misericórdia é a capacidade de amar com todo o nosso ser; misericórdia é amor de entranhas. “Por seus ferimentos fomos curados.” (Is 53,5) Segundo o evangelho de Lucas, a misericórdia é a capacidade de amar a partir do ventre para as mãos. Enquanto o amor permanece dentro, sem expressão, sem tocar aquele que precisa, ele continuará simplesmente um sentimento. Olhar e agir com misericórdia: isto é Santidade.

 

6. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.

Ser puro de coração significa ter um coração simples, limpo, sem imundície, pois um coração que sabe amar não deixa entrar na sua vida algo que atente contra esse amor, algo que o enfraqueça ou coloque em risco a capacidade de amar. Amar com um coração puro significa a capacidade de ver e sentir com verdadeiras intenções. “O homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração.” (1Sm 16,7) Ele procura falar-nos ao coração (cf. Os 2,16). Em última análise, Ele quer dar-nos um coração novo (cf. Ez 36,26). O que nos faz ver com os olhos de Deus é ter um coração puro. Manter o coração limpo de tudo o que mancha o amor: isto é Santidade.

 

7. Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.

Construir a paz hoje se tornou um grande desafio; a paz é fruto da capacidade de aceitar e renunciar ao próprio ego. A violência precisar dar lugar à compaixão, para que cessem as guerras internas e externas. Se existem tantas guerras externas hoje é porque temos muita guerra interna, corações feridos, feridas mal curadas, feridas de ódio, vingança, maus-tratos. Os pacíficos são fonte de paz, constroem paz e amizade social. Àqueles que cuidam de semear a paz por todo o lado, Jesus faz uma promessa maravilhosa: “serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Trata-se de ser artesãos da paz; construir a paz é uma arte que requer serenidade, criatividade, sensibilidade e destreza. A oração tem a capacidade de mudar uma pessoa, derrubar muros, vencer o ódio e a violência e construir a paz. Semear a paz ao nosso redor: isto é Santidade.

 

8. Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu.

O Evangelho exige de cada um uma decisão de vida; não podemos esperar que tudo à nossa volta seja favorável, porque muitas vezes as ambições de poder e os interesses mundanos jogam contra nós. O cristianismo, ao longo da história, foi e sempre será perseguido diante da proposta que Jesus nos faz. A partir do sofrimento de Jesus na cruz, o sofrimento se tornou um meio de humanização; a fé nos ajuda a entender que o sofrimento nos aproxima de Deus. Há muitas maneiras de viver a perseguição hoje; as perseguições não são uma realidade do passado, porque hoje também as sofremos de forma cruenta, como tantos mártires contemporâneos, quer duma maneira mais sutil, através de calúnias e falsidades, como também de maneiras mais intensas, através de injustiças. Abraçar diariamente o caminho do Evangelho, mesmo que nos acarrete problemas: isto é Santidade.

 

DOM ADALBERTO DONADELLI JÚNIOR

Bispo Diocesano

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