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“Deus habita esta cidade”!

As pastorais Sociais trazem uma abertura e compreensão da sociedade essencial para o trabalho pastoral missionário de toda a Igreja. Elas são um tesouro que deve ser recebido e cuidado como um dom de Deus à sua Igreja.

As pastorais sociais são, portanto, uma dimensão constitutiva da Igreja.

“A natureza íntima da Igreja exprime-se num tríplice dever:

  • Anúncio da Palavra de Deus (kerigma-martyria);
  • Celebração dos sacramentos (liturgia);
  • Serviço da caridade (diakonia).

São deveres que se reclamam mutuamente, não podendo um ser separado dos outros”. (Deus caritas est, 25 | Deus é amor!)

A missão da pastoral social se coloca nas fronteiras da evangelização, no mundo dos pobres e no CENTRO UNIVERSITÁRIO CA-TÓLICA DE SANTA CATARINA (Pró-Reitoria Acadêmica Setor de Pesquisa. Mantenedora: Fundação Educacional Regional Jaraguaense – FERJ. Rua dos Imigrantes, 500 – Bairro Vila Rau – Caixa Postal 251 – CEP: 89.254-430 – Jaraguá do Sul).

 

A "selva de pedra” é povoada de pessoas com nomes, rostos e histórias!...

 

Procuro um olhar de luz e calor na gélida e escura noite, mas tropeço na rua, nua e solitária, com raios fulminantes, como setas hostis e mortais dirigidas a um inimigo...

Procuro uma palavra no burburinho do corre-corre diário, mas tropeço num obstinado e taciturno mutismo, impenetrável, ignoto, infecundo e estéril como as areis do deserto...

Procuro um rosto na torrente de gente que se move e atropela, mas tropeço com caras e prédios de concreto e cimento, ferro e aço, contorno rígido e metálico de faces e fachadas esquivas fugitivas...

Procuro um gesto humano em meio ao duro asfalto, mas tropeço com máquinas e tráfico, brilho de luzes endiabradas, que barram qualquer tentativa de aproximação...

Procuro um toque para além de empurrões e cotoveladas, mas tropeço com mãos e braços ocupados em interesses próprios, que parecem ultrapassar a possibilidades do bolso e do desejo...

Procuro uma lágrima irmã na solidão, no pranto e no infortúnio, mas tropeço com olhares tetros e turvos, apagados e ressequidos, reflexo oblíquo de feridas furtivas, irremediavelmente órfãs...

Procuro um coração de carne capaz de pulsar e sangrar, mas tropeço com corpos encurvados e peitos endurecidos, como animais em fuga, prontos a saltar sobre o primeiro intruso...

Procuro uma mente lúcida, espelho de compreensão e transparência, mas tropeço com faces opacas, janelas cerradas ao lixo oculto e familiar, e que pelos telhados semeiam ódio, violência e desconfiança...

Procuro uma alma que inspire ternura e compaixão, mas tropeço com um amor escondido atrás de frágeis cicatrizes, sensíveis ao cansaço e ao medo, ao fracasso e à impotência...

Procuro um nome na multidão solitária e anônima, mas tropeço com números, marcas, celebridades e estatísticas, como se de robôs estivessem povoados becos e calçadas...

Procuro um segundo, um minuto, um instante de atenção, mas tropeço com pessoas e relógios que não podem parar, pois alguém já fez ver a todos que “tempo é dinheiro”...

Procuro uma nota melódica nas conversas entrecruzadas, mas tropeço com ruídos e rumor de lojas, oficinas e centros comerciais, edifícios empenhados em não deixar enferrujar a engrenagem do movimento...

Procuro pés que possam convergir na mesma direção, mas tropeço com a busca desesperada de um canto-refúgio-abrigo-toca, onde, como ratos, se escondem de tudo e de todos...

Procuro um sorriso, ainda que apenas esboçado por um desconhecido, e, olha aí, às vezes vem, acompanhado de um abraço solidário, para lembrar, com dobrado entusiasmo, que “Deus habita esta cidade” e que a “selva de pedra” é povoada de pessoas com nomes, rostos e histórias!...

 

PE. ALFREDO J. GONÇALVES

Assessor das Pastorais Sociais

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