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A Liturgia é simbolizada através de sinais sensíveis e realiza em modo próprio a cada um a santificação dos homens; nela, o corpo místico de Jesus Cristo, cabeça e membros, presta a Deus o culto público integral (cf. Sacrosanctum Concilium, n. 7). Na vida litúrgica da Igreja, a água é mais um desses símbolos ou sinais que nos aproximam sensivelmente da ação divina em nossa vida.
Nas Sagradas Escrituras, do livro do Gênesis ao Apocalipse, está presente esta substância: a separação das águas do firmamento, sobre e abaixo dele (cf. Gn 1,6-8); a passagem do Mar Vermelho (cf. Ex 14,21-31); a linguagem simbólica, usada nos livros proféticos (cf. Is 19,5; 41, 17-23; Os 2,21-23; Am 5,24); e as inúmeras menções na vida do Senhor, como no Seu batismo (cf. Mt 13,13-17); o poço da samaritana (cf. Jo 4,5-10); e a água que sai do Seu lado aberto, na cruz (cf. Jo 19,34).
A água serve para saciar a nossa sede, para limpar, é força e movimento, entre outras potencialidades. Sem água não haveria nenhuma espécie de vida sobre a terra; ela é essencial para a vida do ser humano. Por isso, no colóquio com a samaritana (cf. Jo 4,5-10), Nosso Senhor se apresenta como água viva.
Na celebração da Santa Missa, que é o ponto mais sublime da Liturgia, o admirável Sacrifício da Cruz (cf. Mysterium fidei, n. 27), a água se faz presente em alguns momentos, de forma insubstituível e indispensável (cf. Instrução Geral do Missal Romano, n. 319). Durante a preparação das oblatas, o sacerdote acrescenta uma gota d'água ao vinho, no cálice, simbolizando, assim, nossa humanidade, que se torna unida à divindade de Cristo. Por isso, o sacerdote fala, em voz baixa, a oração: “Pelo mistério desta água e deste vinho possamos participar da divindade do vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade” (cf. IGMR, n. 142). O sacerdote também lava a mãos, antes da oração sobre as oblatas, exprimindo o desejo de uma purificação interior (cf. IGMR, n. 76). Depois da comunhão, o sacerdote também purifica o cálice e os demais vasos sagrados, se preciso, com água (Cf. IGMR, n. 279).
A água, em sua característica de purificação, também pode ser usada de forma penitencial, na Missa, como aspersão: sobretudo aos domingos e no Tempo Pascal, mas não exclusivamente, em vez do ato penitencial, faz-se a bênção e aspersão da água, em memória do Batismo (cf. IGMR, n. 51).
Eis como é bela a Liturgia, sobretudo a do Sacrifício Eucarístico! Os elementos que a compõem são uma sábia catequese para nós! Vinde às águas, é o convite do profeta (Is 55,1). Águas puras, que o Senhor purificou com Seu batismo, como a Igreja canta nas Vésperas da Festa do Batismo do Senhor, “que no Jordão mergulhando, na água as águas lavou. Não quer lavar-se a si mesmo o Filho da Virgem pura, mas quer nas águas lavar a culpa da criatura”.
GABRIEL NAFFIN
Seminarista de Teologia