Loading...

Artigos

A liturgia episcopal: riqueza da Igreja e continuidade apostólica

A Igreja particular de Rio do Sul se rejubila pela nomeação do novo pastor: Dom Adalberto Donadelli Júnior. Investido “de toda plenitude do sacramento da Ordem, rege a Igreja particular, como vigário e legado do Cristo em comunhão e sob a autoridade do Romano Pontífice” (Cerimonial dos Bispos, n. 5).

O seu múnus de doutor, santificador e pastor da sua Igreja se manifesta de maneira principal na celebração da sagrada liturgia, em união com o seu povo. A vida litúrgica da Diocese gira em torno do Bispo, sobretudo na igreja catedral. Essas celebrações presididas pelo Bispo não são mero aparato cerimonial; importa também que tais celebrações sejam modelos para toda a Diocese (cf. Cerimonial dos Bispos, n. 11-12).

O rito de ordenação episcopal é riquíssimo em sua liturgia, contendo diversos símbolos referentes ao ministério episcopal. Após a leitura do Evangelho, é iniciado o rito, entoando o hino Veni, creator Spiritus e a apresentação do eleito. Nesse momento, lê-se o mandato Apostólico e este é apresentado para toda a comunidade reunida. Após, segue-se a homilia (Cf. Pontifical Romano, n. 35-39).

Terminada a homilia, o eleito que será ordenado se coloca em frente ao Bispo ordenante e se realizam as perguntas, num total de nove. Destaca-se a primeira delas: “Portanto, caríssimo irmão, queres consagrar-te, até à morte, ao ministério episcopal que herdamos dos Apóstolos, e que, pela imposição das nossas mãos, te vai ser transmitido com a graça do Espírito Santo?”. Eis a missão do Bispo: estar disposto para entregar a vida, como os Apóstolos, pelo ministério transmitido pelo Divino Espírito (cf. Pontifical Romano, n. 40).

O eleito se deita no chão e começa a ser entoada a Ladainha de Todos os Santos. Terminada a ladainha, o Bispo ordenante faz a oração sobre o eleito, que, ao final, levanta-se. Levanta-se, num símbolo de morte e ressurreição, como Cristo: deita-se como homem velho e levanta-se como novo homem, amparado pela intercessão da Igreja. Chega aí o clímax do rito: a imposição das mãos e oração de ordenação. Este momento é acompanhado de profundo silêncio. A oração é feita com o Livro dos Evangelhos sobre a cabeça do eleito, segurado por dois diáconos (cf. Pontifical Romano, n. 44-49).

Terminada a oração consecratória, o que foi ordenado Bispo é ungido em toda a cabeça com óleo, tal qual Aarão, sumo sacerdote (Êxodo 30,22-33) ou o profeta Samuel (1Samuel 10,1). Após, recebe as suas insígnias, os sinais visíveis de seu ministério: o Evangelho, que deve anunciar; o anel, significando que ele desposa e que deve guardar pura a Igreja; a mitra, sinal de sua autoridade e, por fim, o báculo, símbolo do serviço pastoral e cuidado com o rebanho (cf. Livro das Ordenações, 1976, p. 110).

Prossegue-se a Missa, como de costume. Após a Oração depois da Comunhão, o ordenado, acompanhado de dois Bispos, percorre a igreja, abençoando o povo, enquanto se canta o hino Te Deum. Depois retorna ao altar, é dada a bênção final e se encerra a celebração (cf. Livro de Ordenações, 1976, p. 112-114).

Muito mais que um aparato de cerimônias prolongadas, o ritual de ordenação expressa a continuidade do ministério apostólico na vida da Igreja, a força da tradição católica ao longo dos séculos de forma ininterrupta e a missão do Bispo como Pai e Pastor. Desse modo, faz-se lembrança das palavras de Cristo: “quem vos ouve, a mim ouve”. Fecundo ministério ao nosso Bispo, Dom Adalberto!

 

GABRIEL NAFFIN

Seminarista de Teologia

Galeria

Imagens relacionadas