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A paixão pela Missão | “Que devo fazer, Senhor?” (At 22,10)

Em outubro celebramos o mês missionário, a missão universal dos discípulos de Cristo e a Igreja toda sinodal-missionária. A Igreja é missionária; cada um de nós, pelo Batismo, é discípulo, missionário de Jesus Cristo. Jesus nos salva, nos dá a Sua vida e, sempre respeitando nossa condição humana, nos convida a participar de Sua obra: a realização do Reino de Deus neste mundo marcado pelo sofrimento, violência e pobreza.

Ele nos convida a trabalhar com Ele e como Ele, a viver como Ele, e adquirir os critérios e os valores dEle. Jesus convoca pessoas que têm espírito de audácia, de energia, de criatividade, de luta e de participação, porque Deus não nos deu espírito de timidez, de covardia, nem de fuga.

A paixão pelo Reino mobiliza a pessoa a levar adiante a missão, a ir aos lugares do mundo onde há mais necessidade e ali realizar obras duradouras de maior proveito e fruto. O seguidor de Jesus se apaixona por levar adiante o Reino, e, por isso, se dedica a realizar obras, não só porque são boas, nem tampouco porque tocam o coração da história, pois busca realizar ali atividades que o transformem por dentro. Um grande exemplo disso foi São Paulo, que, mesmo sofrendo e passando por muitas dificuldades, nunca desanimou de levar a Boa Nova do Reino a muitos lugares. Obras, portanto, que modifiquem o modo como está constituído o mundo, para que aconteça o Reino.

“Somos servos inúteis – mas servos – até o fim”... É a esperança da manifestação, quando o Senhor virá até nós. A vocação é para servir, não para “usar” o ministério que recebemos de Deus! Um cristão não pode ficar parado. A vida cristã é “abrir o caminho, sempre”, recorda o Papa Francisco, comentando as palavras de Jesus no Evangelho: “No vosso caminho, pro­clamai: 'O Reino dos Céus está próximo'. Cu­rai doentes, ressuscitai mortos, puri­ficai leprosos, expulsai demônios”. Esta é, portanto, a missão, e se trata de uma “vida de serviço”. Uma vida que irá alargar o coração.

A vida cristã é, então, uma “vida de gratuidade”. “De graça recebestes, de graça deveis dar”. A salvação “não se compra”, “é-nos dada gratuitamente”, diz também o Papa Francisco, sublinhando que Deus, de fato, “nos salva gratuitamente”, “não nos faz pagar”. E como Deus fez conosco, assim “devemos fazer com os outros”. Precisamente esta gratuidade de Deus “é uma das coisas mais belas”.

Faz falta uma Igreja que não tenha medo de entrar na noite escura que estamos atravessando diante da falta de fé. Precisamos de uma Igreja capaz de encontrar novos caminhos e métodos de evangelização. Precisamos de uma Igreja capaz de inserir-se no mundo sem deixar-se afetar pelo mundanismo, sendo um farol a iluminar aqueles que se perderam no caminho.

O documento da Igreja, a Gaudium et Spes, nos diz: a missão da Igreja é salvar a humanidade. Ela é a ponte de ligação entre Deus e a humanidade. A humanidade está a caminho da salvação, porém é a Igreja que deve mostrar o caminho, e esta é a sua missão essencial.

A evangelização é um serviço perene que a Igreja oferece a todos os seres humanos. A Igreja é uma servidora do Evangelho. “A missão é de ida incansável rumo a toda a humanidade para convidar ao encontro e à comunhão com Deus. Repito, ida incansável!”

A missão universal dos discípulos de Cristo é a Igreja toda sinodal-missionária.  Se a Igreja deixar de ser missionária, se a Igreja deixar de sair e ir, ela deixa de ser a Igreja de Cristo; ela poderá ser tudo, menos a Igreja de Jesus Cristo. 

Por isso, pedimos a Maria, Mãe Missionária, que nos ajude a viver a nossa missão de batizados como testemunhas vivas do Evangelho, numa Igreja sinodal, num mundo que insiste em negar Jesus como Senhor e Salvador.

 

DOM ADALBERTO DONADELLI JÚNIOR

Bispo Diocesano

 

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