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DEI VERBUM | Sobre a Revelação Divina

Celebrando o Mês de Setembro, Mês da Palavra de Deus, vamos refletir um pequeno trecho da Constituição Dogmática Dei Verbum, escrita pelo Papa Paulo VI, em 1965:

 

“As coisas reveladas por Deus, contidas e manifestadas na Sagrada Escritura, foram escritas por inspiração do Espírito Santo. Com efeito, a santa mãe Igreja, segundo a fé apostólica, considera como santos e canônicos os livros inteiros do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, porque, escritos por inspiração do Espírito Santo, têm Deus por autor, e como tais foram confiados à própria Igreja. Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens, para que, agindo Ele neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria.

E assim, tudo que afirmam os autores deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus, para nossa salvação.

Como, porém, Deus na Sagrada Escritura falou por meio dos homens e à maneira humana, o intérprete da Sagrada Escritura, para saber o que Ele quis comunicar-nos, deve investigar com atenção o que os autores realmente quiseram significar e que Deus manifestou por meio das suas palavras.

 

O ANTIGO TESTAMENTO

 

Deus, desejando e preparando com solicitude a salvação de todo o gênero humano, escolheu por especial providência um povo a quem confiar as suas promessas. Tendo estabelecido aliança com Abraão e com o povo de Israel por meio de Moisés, revelou-se ao Povo escolhido como único Deus verdadeiro e vivo, em palavras e obras, de tal modo que Israel pudesse conhecer por experiência os planos de Deus sobre os homens, os compreendesse cada vez mais profunda e claramente, ouvindo o mesmo Deus falar pela boca dos profetas, e os difundisse mais amplamente entre os homens. A 'economia' da salvação, narrada e explicada pelos autores sagrados, encontra-se nos livros do Antigo Testamento como verdadeira palavra de Deus. Por isso, estes livros divinamente inspirados conservam um valor perene: 'Tudo quanto está escrito, para nossa instrução está escrito, para que, por meio da paciência e consolação que nos vem da Escritura, tenhamos esperança' (Rm 15,4).

A 'economia' do Antigo Testamento destinava-se sobretudo a preparar, a anunciar profeticamente e a simbolizar a vinda de Cristo, redentor universal, e o do reino messiânico. Mas os livros do Antigo Testamento manifestam a todos o conhecimento de Deus e do homem, e o modo com que Deus justo e misericordioso trata os homens. Tais livros, apesar de conterem também coisas imperfeitas e transitórias, revelam, contudo, a verdadeira pedagogia divina. Por isso, os fiéis devem receber com devoção estes livros que exprimem o vivo sentido de Deus, nos quais se encontram sublimes doutrinas a respeito de Deus, uma sabedoria salutar a respeito da vida humana, bem como admiráveis tesouros de preces, nos quais, finalmente, está latente o mistério da nossa salvação.

 

O NOVO TESTAMENTO

 

A palavra de Deus, que é virtude de Deus para a salvação de todos os que acreditam, apresenta-se e manifesta o seu poder dum modo eminente nos escritos do Novo Testamento. Com efeito, quando chegou a plenitude dos tempos, o Verbo fez-se carne e habitou entre nós cheio de graça e verdade. Cristo estabeleceu o reino de Deus na terra, manifestou com obras e palavras o Pai e a Si mesmo, e levou a cabo a Sua obra com a Sua morte, ressurreição, e gloriosa ascensão, e com o envio do Espírito Santo. Sendo levantado da terra, atrai todos a si, Ele que é o único que tem palavras de vida eterna. Este mistério, porém, não foi descoberto a outras gerações como foi agora revelado aos seus santos Apóstolos e aos profetas no Espírito Santo para que pregassem o Evangelho, e despertassem a fé em Jesus Cristo e Senhor, e congregassem a Igreja. Os escritos do Novo Testamento são um testemunho perene e divino de todas estas coisas.

Ninguém ignora que entre todas as Escrituras, mesmo do Novo Testamento, os Evangelhos têm o primeiro lugar, enquanto são o principal testemunho da vida e doutrina do Verbo encarnado, nosso salvador.

A Igreja defendeu e defende sempre e em toda a parte a origem apostólica dos quatro Evangelhos. Com efeito, aquelas coisas que os Apóstolos, por ordem de Cristo, pregaram, foram depois, por inspiração do Espírito Santo, transmitidas por escrito por eles mesmos e como fundamento da fé.

A santa mãe Igreja defendeu e defende firme e constantemente que estes quatro Evangelhos transmitem fielmente as coisas que Jesus, Filho de Deus, durante a sua vida terrena, realmente operou e ensinou para salvação eterna dos homens, até ao dia em que subiu ao céu. Na verdade, após a ascensão do Senhor, os Apóstolos transmitiram aos seus ouvintes as coisas que Ele tinha dito e feito. Com efeito, quer relatassem aquilo de que se lembravam e recordavam, quer se baseassem no testemunho daqueles 'que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra', fizeram-no sempre com intenção de que conheçamos a 'verdade' das coisas a respeito das quais fomos instruídos.

O cânon do Novo Testamento contém igualmente além dos quatro Evangelhos, as Cartas de São Paulo e outros escritos apostólicos redigidos por inspiração do Espírito Santo, com os quais, segundo o plano da sabedoria divina, é confirmado o que diz respeito a Cristo Senhor, é explicada mais e mais a sua genuína doutrina, é pregada a virtude salvadora da obra divina de Cristo, são narrados os começos da Igreja e a sua admirável difusão, e é anunciada a sua consumação gloriosa.”

 

Que nós, tendo este TESOURO nas mãos, demos mais valor à Palavra de Deus. Rezemos, meditemos, façamos a Leitura Orante da Bíblia. Deus se revela a nós. Não O ignoremos!

 

JORNAL A DIOCESE

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