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AS FONTES BÍBLICAS DO DÍZIMO | Antigo Testamento

Nas Sagradas Escrituras encontra-se o fundamento para o gesto da partilha do Dízimo. Partindo dos Patriarcas, passando pelos profetas, até chegar em Jesus Cristo e na prática das primeiras comunidades, percebe-se um caminho progressivo de compreensão e prática do Dízimo.

 

O Dízimo no Pentateuco

A primeira referência do Dízimo na Bíblia manifesta-se na história de Abraão (cf. Gn 14,20). Porém, já no episódio da oferta de Abel (cf. Gn 4,1-16), encontra-se prefigurado o que mais tarde vai consolidar-se como “Dízimo”. Abel era pastor de ovelhas e ofereceu os primogênitos de seu rebanho, ou seja, aquilo que ele tinha de melhor e, por isso, foi aceito por Deus com bons olhos. Ao contrário, seu irmão Caim, ao invés de oferecer as primícias da terra, deu-lhe apenas uma sobra. Observando as práticas destes dois irmãos, conclui-se que o Dízimo não pode ser apenas uma mera sobra para ser agradável e verdadeiro, mas partilha daquilo que se tem de melhor.

O Dízimo nasce de um coração agradecido e do reconhecimento de que tudo é dom de Deus. Ele é o proprietário da terra de onde provém o alimento e é a fonte de toda bênção (cf. Lv 25,23; SI 24,1). Para os patriarcas, o Dízimo é gratidão. Abraão decide dar a Melquisedec o Dízimo de todos os despojos oriundos de sua vitória (cf. Gn 14,17-20; Hb 7,4). Jacó dispõe-se a oferecer o Dízimo como resultado de sua experiência com Deus em Betel (cf. Gn 28,18-22).

A partir de Moisés, o Dízimo assume a condição de preceito: “Todos os dízimos da terra, tanto dos produtos da terra como dos frutos das árvores, pertencem ao Senhor como coisa consagrada” (Lv 27,30). Aquilo que pertence ao Senhor sustenta os levitas, responsáveis pelos serviços litúrgicos que prestam, uma vez que não possuem outra herança entre os filhos de Israel (cf. Nm 18,21-32; Dt 12,12; 14,27). Por sua vez, os levitas davam o Dízimo aos sacerdotes (cf. Nm 18,26).

O preceito do Dízimo tinha, ainda, conforme os textos do pentateuco, um caráter de ensino e exercício no temor a Deus (cf. Dt 14,22-23), além de auxílio aos estrangeiros, viúvas e órfãos (cf. Dt 14,28-29; 26,12-13). Como preceito, o Dízimo passa a ter uma periodicidade: anualmente era levado ao lugar de culto (cf. Dt 12,5.11; 14,22-23) e trienalmente entregue aos levitas para sustento dos pobres e necessitados (cf. Dt 14,28-29; 26,12-15).

 

Dízimo nos Livros Históricos

Na época do rei Ezequias, houve uma importante reforma no culto de Jerusalém. A idolatria é eliminada e o Senhor é recolocado como centro da vida do povo. Isso se exprimiu de forma concreta também na entrega generosa do Dízimo feita pelo povo (cf. 2Cro 31,5).

Após o retorno do exílio, o povo precisou reconstruir tudo o que tinha sido devastado pelo babilônicos, inclusive o templo de Jerusalém. Um dos pioneiros desse projeto foi Neemias, embora a reforma tenha demorado muitos anos para ser concluída. Em seus trabalhos, ele acentua que o Dízimo era destinado aos levitas, como forma de manter sempre viva a memória de Deus na vida do povo, e afirmava: “nunca mais nos descuidaremos do Templo do nosso Deus” (Ne 10,40).

O Livro de Tobias, ambientado na diáspora, mostra a figura de um israelita exemplar. Mesmo em terra estrangeira, ele não se esquece de dar seu Dízimo para a manutenção do templo de Jerusalém. Ele sabia que, com isso, os levitas e sacerdotes teriam seu sustento e que os pobres ficariam saciados (cf. Tb 1,3-8). Portanto, mesmo à distância, é louvável recordar da própria comunidade de fé de origem, contribuindo concretamente para com ela.

 

O Dízimo nos Livros Sapienciais e Proféticos

No Livro do Eclesiástico, o autor descreve de modo didático diversos provérbios, que são conselhos cheios de sabedoria, como este: “Alegre-se o seu rosto em tudo o que oferecer, e consagre o Dízimo com satisfação. Ofereça ao Altíssimo conforme o dom que Ele lhe fez; dê com generosidade, conforme suas possibilidades” (Eclo 35,11-12). Deus é extremamente pródigo para conosco e é sábio ao responder isso com magnanimidade.

Nos textos proféticos, percebe-se um esforço de superação da prática do Dízimo como mero cumprimento do dever. Retoma-se o preceito do Dízimo à luz da fidelidade à Aliança, como gesto de gratidão e reconhecimento da ação de Deus. Além disso, o culto não pode ser vazio e sem compromisso efetivo com a prática de vida, arrependimento e conversão. Mesmo o Dízimo precisa ser oferecido diante de um contexto de compromisso e fidelidade à Aliança (cf. Am 4,4-5; Ml 3,8-10; Is 19,21; Ez 20,40; 44,30; 45,14; Dn 2,46s).

 

Fonte: Diretório da Pastoral do Dízimo – Arquidiocese de Joinville

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