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“Usou de misericórdia para com ele”

Em sintonia com tantas comunidades, tristes pela páscoa definitiva do Papa Francisco, a Diocese de Rio do Sul realizou, no dia 26 de abril de 2025, um dia de retiro para 120 participantes das Pastorais Sociais, coordenado por Dom Adalberto Donadelli Júnior.

O tema, muito propício, foi “O QUE USOU DE MISERICÓRDIA PARA COM ELE” (Lc 10,37). Segundo o Documento de Aparecida, do qual Jorge Bergoglio foi redator, “Somos chamados a ser uma Igreja samaritana, sensível e aberta aos doentes e pobres em geral, como sacramento do amor, da solidariedade e da justiça”. Na Diocese, os identificamos: morador de rua, encarcerado, indígena, criança das periferias, idoso, pequeno agricultor, dependente químico, migrante, enfermo... Diante do povo social e espiritualmente vulnerável, Francisco faz este apelo: “Como o Bom Samaritano, não nos envergonhemos de tocar as feridas de quem sofre, mas procuremos curá-las com gestos concretos de amor”.

Iniciamos o Retiro com a contemplação da visita de Jesus a Lázaro, Marta e Maria, amigos de Betânia. Aí Jesus se sente em casa, manifesta Seus sentimentos, Sua necessidade de escutar e ser escutado, partilha Sua vida. Só quem sente necessidades compreende a necessidade do outro.

Em Betânia, Marta acolhe Jesus, mas segue nos afazeres da casa. Reclama com Jesus que Maria não ajuda. Mas Jesus a adverte: “Você se preocupa e se agita com tantas coisas... uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte”. Em outras palavras, Marta convida e hospeda Jesus, mas é Maria quem O acolhe e O escuta! Maria sabe silenciar, parar, fazer espaço em seu coração para escutar o Mestre.

Oração é isso: “saber escutar”, não tanto expressar seu desejo, mas acolher a presença de Jesus, pois o amor nasce da escuta. “Fala, Senhor, teu servo escuta” (1Sm 3,10). Parar tudo e escutar, fazer espaço para o divino habitar em mim, para me encantar por ele! Isso é orar!

Maria se sente habitada e intimamente vinculada a Deus, como o feto ao cordão umbilical que o une à sua mãe, o alimenta e mantém vivo! Nossa oração é o cordão umbilical que nos conecta a Deus! Escutar é abrir espaço para que o outro possa encontrar espaço em meu coração. Nosso coração, dedicado às Pastorais Sociais, precisa escutar através do ouvido e dos olhos, como Maria, sentada aos pés de Jesus, escutando o Mestre, deixando-se ensinar por Ele, encantando-se por Ele, por Sua prática sempre a caminho, no meio das multidões frágeis e famintas, dos enfermos, das viúvas, das crianças... dos migrantes!

Pergunta indispensável para nós, agentes de Pastoral Social: Quantos minutos por dia eu passo sentada(o) aos pés de Jesus, escutando-O com os olhos, com os ouvidos, com o coração, para que minha ação evangelizadora seja fruto da minha escuta ao Mestre?!

Contemplando a visita de Jesus a Maria e Marta (Lc 10,38-42), Dom Adalberto encaminhou o grupo para um tempo de silêncio, de escuta a Jesus, para partilhar em seguida!

Com essa experiência, contemplamos a parábola do Bom Samaritano (Lc 10,25-37): Um doutor da lei pergunta a Jesus: “Mestre, o que devo fazer para ganhar a vida eterna?” E Jesus responde: “Viva os mandamentos: ama a Deus e ao próximo como a ti mesmo!” Ele pergunta: “Mas, quem é meu próximo?” E Jesus responde: “Meu próximo é todo aquele que precisa de mim, é qualquer pessoa necessitada”, e conta a parábola do Bom Samaritano: Um homem desce para Jerusalém e é assaltado. Um levita e um sacerdote o veem caído à beira da estrada, mas não o socorrem ... Um estrangeiro desprezado, o samaritano, o vê e se enche de compaixão, como Deus que “viu, ouviu, se aproximou e socorreu o ferido” (Ex 3,7-10). Esses três verbos (“vi”, “ouvi” e “estou ciente”) implicam que seu coração é movido pelo sofrimento do povo e vem socorrê-lo.

É fundamental VER. Deus vê, tem olhos, é sensível ao sofrimento humano!  A escuta da Palavra me faz ver a realidade do povo, como Deus o vê: com misericórdia, com ternura, com cuidado; me leva a incluir as pessoas! Um Deus cujas vísceras maternas se movem de comoção, de amor e salva o povo! Esse é o jeito de viver uma Pastoral Social: identificada com o perfil de Jesus no meio da multidão. Como o fez o samaritano: inclinou-se, acolheu, tocou no caído, cuidou das feridas, ungindo-o com óleo, tornou a incluí-lo no convívio social e espiritual.

Viver a Pastoral Social significa ser misericordioso, cuidar das feridas espirituais, sociais e emocionais dos seres humanos. Como Jesus, que se comove com a pessoa enferma, toca nela e a cura: toca e cura o leproso (Mt 8,3); toca a sogra de Pedro (Mt 8,14-22); a mulher hemorrágica toca na veste de Jesus e é curada (Lc 8,43-48).

Na minha ação pastoral junto ao povo necessitado, ao ver com os olhos, os ouvidos, o coração, faço a mesma experiência de Jesus: tocar nas pessoas e curá-las! Misericórdia é o movimento do coração, que vai ao encontro do outro. É iniciativa que parte de Deus e se manifesta em Jesus. Tudo nEle fala de misericórdia!

Alimentados e fortalecidos, encerramos o Retiro com a celebração da Santa Missa, que terminou com o envio por meio da unção de cada participante com o óleo do Bom Samaritano! Foi um Retiro cheio de unção! Os participantes externaram muita GRATIDÃO!

 

IRMÃ CARMELA PANINI

Articuladora Diocesana das Pastorais Sociais

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