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SALMO 125 (124) | Deus protege os Seus

1Cântico das subidas.

Aqueles que confiam no Senhor

são como o monte Sião:

nunca se abala,

está firme para sempre.

2Jerusalém é rodeada de montanhas,

e o Senhor envolve o seu povo,

desde agora e para sempre.

3O cetro do injusto não pesará

sobre a parte dos justos,

para que a mão dos justos

não se estenda para o crime.

4Senhor, faze o bem aos bons,

aos corações retos.

5E os que se desviam por trilhas tortuosas,

que o Senhor os rejeite com os malfeitores.

Paz sobre Israel!

 

TIPO DE SALMO

É considerado salmo de confiança coletiva, sobretudo por causa do início (v. 1b-2). Mas apresenta também elementos de súplica (v. 4-5).

 

COMO ESTÁ ORGANIZADO E COMENTÁRIO

Tem apenas um corpo, sem introdução ou conclusão. O corpo divide-se em três momentos: vv. 1b-2; 3; 4-5. O primeiro (v. 1b-2) começa comparando os que confiam no Senhor ao monte Sião. Esse monte, sobre o qual está fundada a cidade de Jerusalém e, mais especificamente, o Templo, é tomado como símbolo de estabilidade. Da mesma forma que esse monte é firme, assim são estáveis os que depositam sua confiança em Deus (v. 1b). Nesse momento ainda, fala-se da cidade de Jerusalém e da proteção natural de que goza. De fato, situada sobre um monte e cercada por outros, a cidade parece imbatível. Antigamente, para tomar uma cidade com muralhas, como Jerusalém, geralmente era preciso construir aterros até a altura das muralhas, preenchendo os vales com entulhos. Somente então é que se podia, sobre o aterro, atacar a cidade com as máquinas de guerra. Jerusalém, construída sobre um monte, com suas muralhas e, mais ainda, cercada de montes, era símbolo de segurança máxima. O Antigo Testamento recorda a fama dessa cidade quando ainda estava em poder dos jebuseus: “Davi marchou com seus homens contra Jerusalém, contra os jebuseus que habitavam o território. Os jebuseus disseram a Davi: Não entre aqui, porque bastam os cegos e os aleijados para o repelir. Era a maneira de dizer que Davi não entraria na cidade” (2 Samuel 5,6). O salmista aproveita o tema, e conclui: assim o Senhor envolve o seu povo. Temos, neste momento, três duplas que falam de estabilidade: para sempre + para sempre; monte Sião + montanhas; os que confiam no Senhor + o povo.

O segundo momento (v. 3) mostra tensão ou conflito. Fala-se do cetro do injusto que ameaça pesar sobre a parte dos justos, e da tentação dos justos em estender as mãos para o crime. A parte dos justos é a herança deles, isto é, a propriedade (terra). Temos aqui três focos de tensão: cetro x parte; injustos x justos; mão dos justos x crime. Fazer o cetro pesar significa apropriar-se. Neste caso, o poder dos injustos (representado pelo cetro) está devorando as terras (parte) dos justos. Isso se torna grande tentação para os justos, que se perguntam se não valeria a pena voltar-se, também eles, para o crime (compare com o Salmo 73). Este versículo pode ser traduzido também assim: “O cetro do injusto não pesará sobre a parte dos justos, desde que a mão dos justos não se estenda para o crime”. O sentido, então, seria um pouco diferente, reforçando o tema de uma confiança no Senhor feita com as mãos: se os justos resistirem na confiança e na prática da justiça, os injustos não conseguirão fazer pesar seu poder (cetro) sobre a propriedade dos justos.

O terceiro momento (v. 4-5) contém uma súplica dirigida a Deus, a fim de que tome posição a favor dos justos (v. 4), e uma sugestão daquilo que Ele deveria fazer (v. 5). Aqui também há três focos de tensão representados pelas seguintes oposições: bons x trilhas tortuosas; retos de coração x malfeitores; fazer o bem x rejeitar. A última expressão (“paz sobre Israel”) pode ter sido acrescentada para diminuir o peso da ameaça final (como no Salmo 2) e para que o salmo terminasse numa visão otimista. Contudo, é bom não perder de vista o que ele diz: a paz nacional nasce quando cessam as injustiças.

 

REZAR O SALMO 125 HOJE

Por ser um salmo de confiança coletiva, é bom rezá-lo com outras pessoas, partilhando as razões que temos para confiar e nos sentir seguros, apesar dos conflitos; mais uma vez percebe-se que somos chamados a confiar em situações difíceis de nossa vida. Quando precisamos confiar e expressar com atos concretos a confiança que professamos.

Outros salmos de confiança coletiva: 115 e 129.

 

PE. OSMAR DEBATIN

Doutor em Bíblia e Pároco da Paróquia Santo Ambrósio

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