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Ano Missionário, Igreja em saída

“Se a Igreja não for missionária, não é de Jesus Cristo”

 

A Diocese de Rio do Sul celebra o Jubileu da Esperança com o Ano Missionário, envolvendo todas as Paróquias, visitando todas as famílias. A frase: “se a Igreja não for missionária, não é de Jesus Cristo” sintetiza o ensinamento do Papa João Paulo II. Na encíclica Redemptoris Missio (1990), ele reforça uma convicção central: a missão de evangelizar é inerente à própria natureza da Igreja. A tarefa de levar a mensagem de Jesus ao mundo não é algo opcional, mas um dever essencial de todo o povo de Deus e uma prova de sua fidelidade a Cristo. Para João Paulo II, uma Igreja que não é missionária simplesmente não seria a Igreja de Jesus.

O convite do Papa Francisco para uma “Igreja em saída” é a marca predominante de seu pontificado. Ele desejava que a Igreja renascesse com uma nova experiência de fé cristã missionária, fundamentada no Evangelho, para que a mensagem da salvação chegue a todos, sem exclusão.

Uma Igreja em saída é aquela que toma a iniciativa de ir ao encontro dos afastados, sem medo. Isso significa que a Igreja não é um fim em si mesma, mas uma instituição que existe para os outros.

Para levar adiante essa proposta, o Papa Francisco apostou na missionariedade da Igreja. Como ele afirma, “hoje todos somos chamados a esta nova saída missionária” (EG 20), sem hesitar em enfrentar os desafios da evangelização. A centralidade da missão é sempre o anúncio de Jesus Cristo.

A missão foi uma das primeiras práticas da Igreja e jamais poderá ser colocada em segundo plano, pois faz parte de sua natureza. Ela é, por natureza, missionária e o envio missionário era e é uma questão vital. “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16, 15). A Igreja nasceu e viveu a missão antes de teorizá-la, pois sua experiência de vida, o “estar com Jesus”, já era seu anúncio e testemunho.

O Papa Francisco entendia profundamente que a missão é uma questão vital da Igreja. Para ele, assumir um estilo missionário significa fazer com que a mensagem do Evangelho “chegue realmente a todos, sem exceções nem exclusões” (EG 35), tornando-a mais convincente e radiante.

Todo cristão é chamado a dar aos outros o testemunho explícito do amor salvífico do Senhor, que nos oferece Sua proximidade, Sua Palavra e Sua força, dando sentido à nossa vida, mesmo com nossas imperfeições (cf. EG 121). A evangelização acontece de forma espontânea “na rua, na praça, no trabalho, num caminho, nas visitas às casas” (EG 127), e o Papa convida a Igreja a ter a coragem de sair da própria comodidade para alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho (cf. EG 20).

No entanto, Francisco ressalta que “sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas não significa sair pelo mundo sem direção nem sentido” (EG 46). Em sua visão, a “Igreja em saída” é a que sai da comodidade de seus templos para ir ao encontro dos menos favorecidos, mas também que é capaz de abrir suas portas para acolher todos, sem a necessidade de uma “vistoria alfandegária”.

O Papa criticava a postura da Igreja que, por vezes, age como controladora da Graça e não como facilitadora, e afirma sem rodeios: “a Igreja não é uma alfândega, mas a casa paterna, onde há lugar para todos com a sua vida fatigosa” (EG 47).

Para que todo o Povo de Deus possa participar da vida da Igreja, é preciso que ninguém se sinta excluído. Em vez disso, a “Igreja em saída” é uma Igreja de portas abertas, casa de todos, cujo objetivo é acolher a todos e fazê-los sentirem-se amados por Deus. Ela busca iluminar a humanidade com as luzes do Evangelho, oferecendo o testemunho salvífico do Senhor, sem condicionar a fé cristã apenas a regras e procedimentos. “Igreja em saída” é missão, e a missão está sempre conectada com o mundo.

 

DOM ADALBERTO DONADELLI JÚNIOR

Bispo Diocesano

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