Artigos

O sacerdote é um homem dedicado ao sagrado, cuja missão principal é auxiliar o povo a se aproximar de Deus. A própria palavra “padre”, que significa pai, já nos remete a essa figura de paternidade espiritual na comunidade. Ele é um pai para a sua comunidade, um amigo íntimo de Jesus, um irmão entre os seus colegas sacerdotes e um servo dedicado ao povo.

Rezemos para que nossos padres sejam o melhor testemunho vivo do amor do Pai, especialmente para os mais pobres e sofredores. No dia da Ordenação, o Bispo orou para que o padre “carregasse como Jesus o fardo do povo”. Esta é a vocação do padre, ser um Cireneu: um sacerdote que carrega fardos, um “padre habitado pelo povo”.

Todos sabemos que a Ordenação Sacerdotal não elimina as fragilidades e limitações da pessoa. O sacerdote, mesmo após a Ordenação, continua sob o peso da fragilidade humana. Contudo, a Graça sacramental o sustenta e o transforma na imagem do Bom Pastor, que entrega a vida pelo rebanho. O padre jamais deve esquecer que ele é um “curador ferido”.  Mas, por meio da oração, a fraqueza humana se converte em força. Afinal, “carregamos esse tesouro em vasos de barro” (2Coríntios 4,7).

Deus deposita em Seus sacerdotes uma profunda confiança. Por essa razão, os presbíteros são os primeiros a conduzir a luz, a vida e o calor que emanam do coração divino de Deus. A Ordenação confere ao padre o múnus de ensinar, santificar e governar. O mundo de hoje não busca apenas mestres, mas sim testemunhas vivas da fé.

O padre é o homem do sagrado, consagrado, reservado, todo de Deus.  Um profeta da vida e um peregrino em busca da verdade, pois de seus lábios se espera a sabedoria. Ele é um homem em constante movimento. O sacerdote é ordenado para ordenar o mundo com sua vida e ministério. O padre é um “homem sempre em saída”, um missionário que vai ao encontro dos fiéis, evangelizando com a alegria, levando esperança diante de tanta desesperança e sofrimentos. O padre é um consolador, ele enxuga como Jesus as lágrimas daqueles que choram. O padre edifica mais pelo que ele é do que pelo que faz.

O sacerdote é um ser humano como qualquer outro, ele não “caiu pronto do céu”. Sua origem está em uma família, de onde é chamado por Deus a responder a uma vocação específica. Eles dedicam muitos anos aos estudos e passam por um longo e virtuoso processo formativo até a Ordenação. Nossos padres são indivíduos nos quais Deus depositou Sua confiança. Mesmo quando falham, Deus não os desautoriza; em Seu amor sempre fiel, Ele continua apostando na conversão de Seus escolhidos. Por isso, é fundamental rezarmos pelas vocações, para que tenhamos cada vez mais sacerdotes santos, sábios e sadios.

O sacerdote é a ternura do Coração de Jesus, conforme a promessa: “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração” (João 3,15). Nossos padres necessitam da nossa compreensão e colaboração. O sacerdócio nasce do amor trinitário em benefício do povo. O padre existe para servir, pois sua vida não é para si mesmo, mas para o povo. São Paulo descreve o sacerdote como um administrador dos mistérios Divinos. No entanto, é em “vasos de argila” que o padre carrega essa imensa dignidade e responsabilidade. Desse modo, não é a figura humana do sacerdote que nos encanta, mas sim a grandiosa missão que lhe foi confiada. Ser padre não é uma honra pessoal, mas uma profunda responsabilidade.

O sacerdote age como uma chave que destranca o acesso a Deus. Por meio dele, recebemos o perdão de nossos pecados. Suas mãos, ungidas pela Graça divina, nos dão Jesus na Eucaristia, o que faz do padre o homem da Eucaristia. Nos dias de hoje, a Igreja anseia por sacerdotes que sejam bons guias espirituais, pastores de comunidades, que se comprometam com a causa dos que mais sofrem e que atuem como construtores de uma sociedade nova, justa e fraterna, um verdadeiro reflexo do Reino de Deus na Terra.

Obrigado, padre, você é um presente do Pai do céu!

 

DOM ADALBERTO DONADELLI JÚNIOR

Bispo Diocesano