Loading...
O Advento é o tempo litúrgico que abre o Ano da Igreja e convida o povo de Deus à vigilância e à esperança. Não se trata apenas de uma preparação exterior para o Natal, mas de um processo que se faz na intimidade da alma, onde o coração é chamado a escancarar suas portas para que possa entrar Aquele Diviníssimo Senhor que nascera no Natal. A liturgia deste tempo expressa esses justos dois desígnios, a memória da primeira vinda de nosso Senhor, no mistério de Sua encarnação, e a esperança na Sua vinda gloriosa no fim dos tempos (cf. CIC, n. 524).
A Liturgia da Palavra das primeiras semanas do Advento aponta para a vigilância e para a promessa. O profeta Isaías fala de um povo que caminha nas trevas, mas vê surgir uma grande luz (cf. Is 9,1). Essa luz é nosso Senhor Jesus Cristo, o Sol nascente que vem do alto para iluminar os que jazem nas sombras da morte (Lc 1,78-79). A liturgia, com suas leituras e orações, educa o coração para esperar em Deus, despertando a fé adormecida e renovando o desejo de salvação. Como recorda o Papa Francisco, “o Advento é o tempo da presença e da espera de algo eterno” (Audiência Geral, 18/12/2013).
O Advento também está intimamente ligado à Virgem Santíssima, pois a Virgem Maria é o ícone da espera confiante. Nela, a Igreja contempla o modelo de perfeição da acolhida do Verbo que se fez carne. O “sim” pronunciado pela Virgem Santíssima é um tremendo ensinamento de disponibilidade e esperança. A liturgia manifesta isso especialmente na solenidade da Imaculada Conceição (8 de dezembro), daquela que foi concebida sem pecados e agora mostra através de seu testemunho como se deve receber verdadeiramente o Cristo Senhor. Nas antífonas “Ó” dos últimos dias do Advento, se revelam o clamor da Igreja pelo Messias que vem: “Ó Sabedoria”, “Ó Adonai”, “Ó Rebento de Jessé”, “Ó Chave de Davi”, “Ó Oriente”, “Ó Rei das Nações”, “Ó Emanuel”. (cf. Missal Romano, Próprio do Tempo do Advento).
A coroa do Advento, com suas quatro velas, é um sinal simples, mas profundo de piedade; cada vela que se acende e ilumina o espaço, a luz que vence as trevas do mundo e da alma. É um gesto simbólico que ajuda os cristãos a viverem o tempo litúrgico de modo concreto (cf. Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia, n. 98)
Celebrar o Santo Advento é, portanto, entrar no clima de esperança, preparar o coração para acolher o Menino Deus que se faz próximo e pequeno. O Natal não é uma lembrança sentimental, mas o acontecimento sempre novo de um Deus que continua a nascer no coração de quem crê. A liturgia é o espaço dessa graça, onde o tempo humano se encontra com o tempo de Deus (cf. Sacrosanctum Concilium, n. 102).
Que este Santo Advento nos encontre vigilantes e alegres, firmes na fé, alimentados pela Pão dos Céus, aguardando com amor aquele que é, que era e que vem (Ap 1,8).
REFERÊNCIAS
CONCÍLIO VATICANO II. Constituição sobre a Sagrada Liturgia – Sacrosanctum Concilium. Vaticano, 1963.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Edições Loyola, 2000. n. 524.
FRANCISCO, Papa. Audiência Geral. Vaticano, 18 dez. 2013. Disponível em: www.vatican.va
MISSAL ROMANO. Próprio do Tempo do Advento. São Paulo: Edições CNBB / Paulus / Paulinas, edição típica.
BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Paulus, 2002. Is 9,1; Lc 1,78-79; Ap 1,8.
CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS. Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia: Princípios e Orientações. Vaticano, 2001. n. 98.
GABRIEL NAFFIN
Seminarista de Teologia