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Para iniciar o artigo deste mês sobre a família, trago aqui um breve trecho da Exortação Apostólica Familiaris Consortio, do Papa São João Paulo II, escrita em 1981, mas que mostra de forma muito atual a situação das famílias no mundo. Segue:
“A situação em que se encontra a família apresenta aspectos positivos e aspectos negativos: sinal, naqueles, da salvação de Cristo operante no mundo; sinal, nestes, da recusa que o homem faz ao amor de Deus.
Por um lado, de fato, existe uma consciência mais viva da liberdade pessoal e uma maior atenção à qualidade das relações interpessoais no matrimônio, à promoção da dignidade da mulher, à procriação responsável, à educação dos filhos; há, além disso, a consciência da necessidade de que se desenvolvam relações entre as famílias por uma ajuda recíproca espiritual e material, a descoberta de novo da missão eclesial própria da família e da sua responsabilidade na construção de uma sociedade mais justa. Por outro lado, contudo, não faltam sinais de degradação preocupante de alguns valores fundamentais: uma errada concepção teórica e prática da independência dos cônjuges entre si; as graves ambiguidades acerca da relação de autoridade entre pais e filhos; as dificuldades concretas que a família muitas vezes experimenta na transmissão dos valores; o número crescente dos divórcios; a praga do aborto; o recurso cada vez mais frequente à esterilização; a instauração de uma verdadeira e própria mentalidade contraceptiva.
Na raiz destes fenômenos negativos está, muitas vezes, uma corrupção da ideia e da experiência de liberdade concebida não como capacidade de realizar a verdade do projeto de Deus sobre o matrimônio e a família, mas como força autônoma de afirmação, não raramente contra os outros, para o próprio bem-estar egoístico.
Merece também a nossa atenção o fato de que, nos países do assim chamado Terceiro Mundo, faltem muitas vezes às famílias quer os meios fundamentais para a sobrevivência, como o alimento, o trabalho, a habitação, os medicamentos, quer as mais elementares liberdades. Nos países mais ricos, pelo contrário, o bem-estar excessivo e a mentalidade consumística, paradoxalmente unida a uma certa angústia e incerteza sobre o futuro, roubam aos esposos a generosidade e a coragem de suscitarem novas vidas humanas: assim a vida é muitas vezes entendida não como uma bênção, mas como um perigo de que é preciso defender-se.
A situação histórica em que vive a família apresenta-se, portanto, como um conjunto de luzes e sombras.”
Nesta exortação, pós sínodo de 1980, já vemos a situação das famílias pelo mundo, conforme relatado pelos Bispos ao Papa, muito próxima da realidade vista agora, mais de quarenta anos depois. Temos famílias que buscam o céu a cada dia, procurando ser cristãos autênticos que seguem a verdade, que é Cristo, vivendo seus mandamentos, seus Sacramentos, abertos à vida, propagando o Evangelho, construindo matrimônios sólidos e filhos educados dentro das virtudes cristãs. Famílias que são luz em meio à escuridão. De outro lado, vemos uma realidade mais crescente de famílias que não tem Deus no centro de suas vidas, casais que não buscam mais o Sacramento do Matrimônio, filhos criados por terceiros, a internet sendo usada a seu desfavor, o individualismo, narcisismo e hedonismo tomando conta das famílias. Um vale de sombras...
E o que fazer?
Devemos começar pela nossa família, identificando tudo aquilo que pode ser mudado para nos tornarmos famílias que buscam o céu. Buscando conhecimento através dos documentos da Igreja, Catecismo da Igreja Católica, compreensão da Bíblia e, principalmente, uma verdadeira entrega à vontade de Deus. Junto a isto, devemos dar testemunho, acolher e ajudar as outras famílias, pois nossa missão é salvar almas para Cristo.
É preciso coragem para ir contra o mundo, muita fé e oração, e também convicção de que tudo isso vale a vida eterna. Pois, as famílias cristãs sofrem ataques diretos e indiretos dentro da sociedade, de perto e de longe, mas disse Jesus: “Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós” (Mt 5, 11-12).
Sejamos verdadeiros cristãos, busquemos a nossa salvação e de todos aqueles a quem o Senhor nos confiar.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Para sempre seja louvado!
Deus os abençoe!
DIÁCONO LEONARDO E PRISCILA KLETTENBERG
Paróquia Cristo Rei – Taió/SC