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Homilia da Ordenação Presbiteral do Diácono Leonardo Jacomelli, SCJ | 13 de dezembro de 2025

Minha saudação agradecida ao Diácono Leonardo, pelo convite para ser o Bispo ordenante, e ao Excelentíssimo Pe. Sildo Cesar da Costa, Superior Provincial dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, Província Brasileira Meridional, pela carta dimissória para a ordenação presbiteral deste nosso querido irmão.

Saúdo Dom Adalberto, Bispo Diocesano de Rio do Sul, e expresso minha gratidão por permitir a realização desta ordenação em sua Diocese.

Saúdo o pároco desta paróquia, Frei Ângelo, juntamente com toda a Fraternidade Franciscana que nos acolhe, bem como a todos os irmãos presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas e vocacionados. Minha saudação ao pai do diácono Leonardo, o Sr. Antônio Jacomelli; sua mãe, Irene; sua irmã, Priscila; seu cunhado, Diácono Leonardo; seus sobrinhos e demais familiares e amigos.

Queridos irmãos e irmãs presentes nesta celebração, e os que nos acompanham pelas redes sociais desta paróquia: estamos celebrando na liturgia o 3º Domingo do Advento, tempo de espera, vigilância e conversão, como preparação para o Natal que se aproxima.

E hoje a Igreja repete a pergunta feita a Jesus pelos discípulos de João Batista: “És tu aquele que há de vir?” Assim perguntaram os discípulos daquele que dedicou toda a sua missão em preparar a vinda do Messias, os discípulos daquele que “amou e preparou a vinda do Senhor” até a prisão e a morte. Sabemos que, quando seus discípulos fizeram essa pergunta a Jesus, João Batista já estava na prisão, da qual nunca seria libertado.

E Jesus responde, referindo-se às suas obras e às suas palavras, e também à profecia messiânica de Isaías: “Os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e aos pobres é anunciada a boa nova… Ide e contai a João o que vistes e ouvistes”.

A humanidade questiona Jesus. Pessoas de todo o mundo, de diferentes países e continentes, de diferentes culturas e civilizações, questionam Jesus. Neste mundo, onde tanto se fez e continua a se fazer para cercar Jesus com a conspiração do silêncio, para negar a sua existência e missão, ou para diminuí-las e distorcê-las, a pergunta sobre Jesus sempre retorna. Ela retorna mesmo quando parece ter sido essencialmente erradicada. Por isso, S. Pedro, em sua primeira carta, assim exortava os cristãos de sua comunidade: “Estai sempre prontos a dar a razão da vossa esperança” (1Pd 3,15).

Neste Ano Jubilar do nascimento de Jesus, como Peregrinos de Esperança, recebemos o “Presente” deste nosso irmão como resposta, “ao queira aproximar-se o que vai ser ordenado presbítero”. Dizia o saudoso Bispo Emérito desta Diocese, Dom José, in memoriam: “Deus não escolhe os sábios; Deus escolhe as pessoas disponíveis”.

Querido irmão, que a tua disponibilidade nunca dispense Deus em nenhum momento da tua vida, vocação e missão. Que a tua disponibilidade seja sempre um presente de amor, de um coração cativado por Jesus e, a exemplo Dele, disponível e obediente para fazer a vontade do Pai. A disponibilidade ao Pai não foi para Jesus um fardo, um peso, mas a decisão de amor maior. O sacerdócio a ti confiado concede-te esta graça de ser participante da vida e da missão de Jesus.

Que a tua disponibilidade busque construir aquela unidade desejada por Jesus para os seus discípulos e a sua Igreja, por Ele apresentada ao Pai em forma de oração.

Caríssimo irmão, que o lema escolhido por ti: “O Amor de Cristo nos impele”, retirado da 2ª Carta aos Coríntios 5,14, possa sempre impelir o teu coração para encontrar no Coração de Jesus a fonte da vida presbiteral e o sustento de tua entrega ao serviço do Reino de Deus. “O sacerdote é o amor do Coração de Jesus”, dizia o patrono dos sacerdotes, S. João Maria Vianney.

Para o Padre Dehon, o sacerdócio é uma participação no sacerdócio único e eterno de Cristo, sendo a vocação para ser sacerdote e vítima, um reflexo do Coração de Jesus, que é fonte de amor e reparação pelas faltas do mundo, exigindo uma vida de entrega total (amor, oração, sacrifício) e identificação com o sacrifício eucarístico e a paixão de Cristo, buscando a santidade e a transformação para o Reino de Deus.

Caros irmãos, contemplemos o Coração Sacerdotal de Jesus. Estudemos os seus pensamentos, sintamos as suas pulsações, meditemos nos seus amores. Ele vai nos dizer todas as virtudes sacerdotais, todos os deveres, toda a vida, toda a perfeição do ser sacerdote, assim como Ele: pobre, casto e obediente.

Não foi por nada, querido irmão, que o saudoso Papa Francisco, em sua Carta Encíclica Dilexit Nos, sobre o amor Humano e Divino do Coração de Jesus, assim nos exortou: “Neste mundo líquido, é necessário voltar a falar do coração; indicar onde cada pessoa, de qualquer classe e condição, faz a própria síntese; onde os seres concretos encontram a fonte e a raiz de todas as suas outras potências, convicções, paixões e escolhas.

Movemo-nos, porém, em sociedades de consumidores em série, preocupados só com o agora e dominados pelos ritmos e ruídos da tecnologia, sem muita paciência para os processos que a interioridade exige. Na sociedade atual, o ser humano ‘corre o perigo de se desorientar do centro de si mesmo’. ‘O homem contemporâneo encontra-se com frequência transtornado, dividido, quase privado de um princípio interior que crie unidade e harmonia no seu ser e no seu agir. Modelos de comportamento infelizmente bastante difundidos, exaltam a sua dimensão racional-tecnológica, ou, ao contrário, a instintiva’. Falta o coração.” (Dilexit Nos nº 9).

Diz a Carta que “o modo como nos ama é algo que Jesus não quis explicar-nos exaustivamente. Mostra-o nos seus gestos. Observando-O, podemos descobrir como trata cada um de nós, mesmo que nos custe perceber isso. Procuremos, pois, onde a nossa fé pode reconhecê-Lo: no Evangelho” (cf. nº 33).

O Evangelho diz que Jesus “veio para os seus” (Jo 1,11). Os “seus” somos nós, pois não nos trata como algo estranho. Considera-nos como propriedade sua, que guarda com cuidado, com afeto. Trata-nos como seus. Isto não significa que sejamos seus escravos; Ele próprio o nega: “Não vos chamo servos” (Jo 15,15). O que Ele propõe é a pertença mútua dos amigos. Veio, superou todas as distâncias, tornou-se próximo de nós, como as coisas mais simples e quotidianas da existência. Efetivamente, Ele tem outro nome, que é “Emanuel” e significa “Deus conosco”, Deus próximo à nossa vida, vivendo entre nós. O Filho de Deus encarnou e “esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo” (Fl 2,7) (cf. nº 34).

Querido irmão, viva o sacerdócio a ti confiado com estas três proximidades que o próprio Papa Francisco indicou aos sacerdotes: Proximidade com Deus; Proximidade com o Bispo e o presbitério (com teu superior Provincial e os coirmãos da Congregação); Proximidade com o povo. Esta proximidade “exige continuar o estilo do Senhor”, feito “de compaixão e ternura, porque ele é capaz de caminhar não como um juiz, mas como o Bom Samaritano”. Como aquele que “reconhece as feridas de seu povo” e os seus sacrifícios, e por ele se compadece.

É decisivo lembrar que o Povo de Deus espera encontrar pastores no estilo de Jesus — e não “clérigos de estado” ou “profissionais do sagrado”; pastores que conhecem a compaixão e a oportunidade; homens corajosos, capazes de parar diante dos feridos e estender a mão; homens contemplativos que, em sua proximidade ao seu povo, podem proclamar a força operante da Ressurreição de Cristo sobre as feridas do mundo.

Que Maria, Mãe de Jesus, com o título de Nossa Senhora de Guadalupe, que celebramos ontem, encontre em teu coração a disposição e a disponibilidade para fazer tudo o que seu Filho disser. Assim seja. Amém.


DOM ONÉCIMO ALBERTON

Bispo Auxiliar de Florianópolis

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