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Retiro dos Sacerdotes da Diocese de Rio do Sul

De 6 a 9 de julho de 2025, o Convento das Irmãs Franciscanas de São José, localizado em Angelina, acolheu o Retiro Anual dos Sacerdotes da Diocese de Rio do Sul.

O retiro foi conduzido por Dom Bento, monge da Abadia da Ressurreição, que atuou como pregador durante os dias de reflexão e oração.

 

Em uma de suas homilias, Dom Bento assim proferiu:

“O Cristo que resplandece, ao ponto de resplandar-nos. É assim que geramos vida nova. É assim que nós curamos os doentes. É assim que nós devolvemos à luz aqueles que pertencem a Deus. Nós somos consagrados para sermos de Cristo. Aqueles que chegam a nós devem reconhecer em nós a presença do próprio Cristo. Isso só pode acontecer se nós mantivermos a nossa proximidade, do nosso coração, com o coração do Cristo. Se, de fato, dobrarmos nossos joelhos, se mantivermos nossa vida de oração, a nossa vida de proximidade será misturada com a do Cristo. Aí, sim, nós teremos o que oferecer. Do contrário, corremos o risco de sermos ‘uma lata vazia’. Quanto mais batemos nela, mais barulho ela faz. Nós só podemos dar aquilo que nós temos. Só podemos oferecer o que nós temos e recebemos da proximidade com Deus.

Quando Deus nos escolheu, ele escolheu sabendo até quantas vezes ainda vamos pecar. Mas ele continua acreditando em nós. Ele continua apostando todas as fichas em nós. Ele nos escolheu para vivermos uma vida de amor, porque ele amou a cada um de nós. É este amor que nos sustenta, é este amor que deve nos sustentar a cada dia. Não importa quantas vezes ainda vamos pecar, quantas vezes teremos obstáculos. Nosso Senhor está sempre pronto para nos socorrer. Para demonstrar para nós todo o Seu amor. Para nos dar uma vida nova, de um coração transfigurado. Um coração semelhante ao Seu coração.

Que o Corpo e o Sangue de Cristo sejam para o nosso sustento, para o nosso coração. Seja a Eucaristia onde podemos rezar de joelhos e, em silêncio, falar com o coração ao Coração, como dois verdadeiros amigos. Somos amigos de Cristo. ‘Não nos chamamos servos, mas amigos.’ E é a partir dessa amizade que, próximos de Cristo, podemos curar e levar Cristo ao mundo, retirando de nós mesmos aquilo que dele recebemos!

Que a Santa Mãe de Deus interceda por nós. Que não nos afastemos de Deus, mas que vivamos olhando para Cristo, para cumprir a Missão de Seu amor, amar com a mesma medida infinita desse mesmo amor.”

 

Em outra homilia, Dom Bento destacou:

 

“Quando permitimos que o Espírito Santo trabalhe em nós, um milagre acontece. Mas quando pensamos que temos o poder e a força para fazer isso sozinhos, estamos enganados. Por isso, confiamos na ação do Espírito Santo em nós, para que os outros caminhos não nos enganem, mas que nos levantemos, buscando sempre viver os Sacramentos, a missão de Cristo, e ter Cristo com o Espírito Santo. A sua missão, a minha missão, a nossa missão, é a mesma de Cristo. Ele só confiou naqueles que vieram depois dEle, assim como confia hoje em cada um de nós. Portanto, não desanime. Levante a cabeça todos os dias. Contemple Jesus crucificado. Apaixone-se por Cristo através da Palavra. Apaixone-se por Cristo através do Santíssimo Sacramento. Apaixone-se por Cristo! Precisamos ser homens e mulheres apaixonados por Ele. Sejamos, de fato, apaixonados por Cristo. É isso que espero de vocês. Que o Espírito Santo os ajude a amar verdadeiramente Cristo, e que, mesmo no momento de dor e sofrimento, nunca esqueçam Suas palavras, e que Ele esteja com vocês todos os dias, na fé, na vida. Assim seja.”

 

Dom Adalberto, no final da celebração deste dia 9 de julho, recordou momentos das pregações:

 

“O pregador diz que quem não é capaz de escutar, não é capaz de obedecer. É verdade. O padre é o primeiro a escutar Deus na Palavra. Por que senão não será capaz de obedecer essa Palavra! Às vezes, nós queremos que as pessoas nos obedeçam. O coordenador, o paroquiano, o Bispo quer que os padres obedeçam, mas nós temos dificuldade em obedecer. O quanto somos obedientes? Até porque a palavra ‘obediente’ quer dizer ‘escutar’. A obediência vem da escuta. E aí ele disse para nós que a nossa vocação faz parte de um grande mistério. Então, nos convidou a entrar nesse mistério para escutar. E acredito que foram dois dias e meio de escuta. Um silêncio, oração e a Palavra. Ele também diz que a nossa vida exige renúncias e fé. Deixar-se ser de Jesus. Bonito isso. Ser de Jesus. Hoje o Evangelho dizia que nós somos escolhidos para estar com Jesus. Talvez nem sempre estamos com Jesus. E por isso encontramos dificuldades no caminho. E ele nos questionava ontem: O que eu deixei por Jesus? Quantas coisas nós deixamos por Jesus? Mas, às vezes, deixamos tantas coisas e acabamos recuperando algumas pelo caminho. E pegando outras. E, às vezes, a nossa bagagem está pesada, está difícil de ser carregada. Então, deixar é algo fundamental na nossa vida. Até porque somos livres.

Frei José Bertoldi, no Domingo, nos seus 90 anos, foi enterrado. Como me veio este momento. Eu olhava para o Frei naquele caixão, a única coisa que ele levou da terra e, mesmo assim, nem vai usar ele no céu, foi o seu hábito. Aquele hábito surrado, simples, humilde, com que ele viveu os seus 63 anos de sacerdócio.

Padre, você é um adorador. Você nasceu na Eucaristia, Padre! Você adora a Jesus? E a Palavra? O texto sagrado me revela quem eu sou. A nossa Lectio diária, a Palavra, no dia a dia, todos os dias, somos convidados a nos encontrar no texto sagrado. Ele dizia uma coisa tão bonita. Ele dizia: no texto sagrado, eu vejo Jesus, mas Jesus também me vê. Eu olho para Jesus e Jesus olha para mim. Eu acredito nisso. Por isso que a Palavra está fazendo nós nos tornarmos homens apaixonados. Quando estamos apaixonados, dizia o nosso pregador, nós produzimos mais. É verdade, né? Quando perdemos a paixão, quando perdemos o amor, a alegria, a gente não produz mais nada. A gente vai empurrando. Vai empurrando, vai empurrando, vai empurrando. Então, como nos mantermos apaixonados pela mesma ‘esposa’ até o fim? A Palavra. O Livro, para amá-lo e imitá-lo. Se amamos, imitamos, não é? Assim na nossa vida, se a gente ama muito uma pessoa, sobretudo se ela é mais velha que a gente, a gente imita ela, imitamos o pai, imitamos o padre da nossa paróquia, imitamos, às vezes, uma pessoa que gostamos, imitamos, às vezes, o nosso orientador. Por quê? Porque nós amamos. Imitamos Jesus. Porque amamos Jesus. A Palavra é para nos limpar. E onde ela toca, ela santifica, ela transforma, ela restaura, ela renova. Então, nós precisamos da Palavra todos os dias para nos limpar de tudo aquilo que, talvez, nos sujou durante o dia. A Palavra é para nos limpar. Como limpou a lepra do leproso. Jesus cura o doente e não a doença. É verdade, nem sempre a doença é curada, mas o doente sempre. É isso que a gente tem que pedir a Jesus. Que Ele cure as nossas enfermidades, nos cure, nos cure. Algo muito forte que eu já tinha ouvido, inclusive lá no seu mosteiro uma vez, é que a misericórdia, ela cobre o irmão com o manto. Ou seja, cobrir o irmão com o manto da misericórdia. Não é cobrir os pecados, mas é proteger o irmão. Não é piorar o erro dele, não é deixar de corrigi-lo, que isso é importante, mas é cobri-lo com a misericórdia, é protegê-lo. Isso também significa amor e misericórdia. Isso é muito forte, muito forte. O manto da misericórdia, da mesma maneira que nos cobrimos com as nossas lindas vestes, antes a gente pudesse se cobrir com a misericórdia, para cobrir o outro com a misericórdia. Às vezes, dizia nosso pregador, vemos só o negativo e não vemos a bondade do outro. É verdade!

A alegria não é sinônimo de que não sofreremos, né? A alegria significa a capacidade de viver unido em Cristo. E, como dizia Paulo Francisco, do Mosqueiro Trapista, antes da minha ordenação episcopal, se alegre por poder sofrer com Cristo na cruz. É uma frase um pouco estranha, mas é evangélica. Se alegre por poder sofrer, por poder participar do sofrimento de Cristo na cruz. E, por último, tão bonito, tão forte, talvez a gente poderia sair com essa frase daqui hoje: somos responsáveis pela salvação dos nossos irmãos. Não pela condenação, mas pela salvação. Eu, como Cristo, primeiro sou responsável pela salvação de cada um de vocês. E me ajudem a salvá-los aos outros. Isso que eu peço. Nós, como presbíteros dessa Diocese, seja diocesanos, religiosos, nos sintamos responsáveis pelo outro. E essa responsabilidade, ela é uma responsabilidade de irmão, que corrige. Que nós tenhamos coragem de corrigir, sempre no privado, sempre com ternura. Não tenhamos medo de corrigir. A correção, ela faz parte, sobretudo daquele que ama!”

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