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“Está alguém enfermo? Chame os sacerdotes da Igreja, e estes façam a oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o reestabelecerá” (Tg 5,14-15). Neste texto está a base bíblica para esse Sacramento, a Unção dos Enfermos. A Igreja ensina que qualquer pessoa que estiver correndo risco de morte deve receber tal Sacramento.
O antigo ritual da Unção dos Enfermos trazia por instrução, em suas linhas preliminares, quando o sacerdote visitava um moribundo para prepará-lo para a partida, estas palavras: “Primeiro acalma o coração, depois administra o Sacramento”. O homem gravemente doente necessita de uma peculiar Graça de Deus para que não perca o ânimo na aflição, nem, pela força das tentações, venha a fraquejar na fé.
Antigamente chamava-se de Extrema-Unção, pois liturgicamente indicava-se que se tratava da última das quatro unções que um cristão podia receber em sua vida, as unções do Batismo, da Crisma, da Ordem e por fim, a Extrema-Unção. Como os fiéis não entendiam que o Sacramento se tratava da unção 'última', havia a interpretação errônea de que, ao recebê-la, o mais provável era que a pessoa morresse. Por esse motivo, o Concilio Vaticano II achou oportuno dar preferência ao termo Unção dos Enfermos, que utilizamos nos dias de hoje e que se utilizava no início do cristianismo.
Como todos os Sacramentos, a Unção dos Enfermos é uma celebração litúrgica e comunitária, quer tenha lugar no seio da família, quer no hospital ou na igreja, para um só doente ou para um grupo deles. Se as circunstâncias a tal convidarem, a celebração do Sacramento pode ser precedida pelo Sacramento da Penitência e seguida pelo da Eucaristia. Enquanto Sacramento da Páscoa de Cristo, a Eucaristia deveria ser sempre o último Sacramento da peregrinação terrestre, o “viático” da “passagem” para a vida eterna (CIC 1517).
Mas também, a Unção dos Enfermos “não é um Sacramento só dos que estão no fim da vida. É já certamente tempo oportuno para a receber quando o fiel começa, por doença ou por velhice, a estar em perigo de morte” (Sacrosanctum Concilium, 73). Este Sacramento é mais um ato de misericórdia de Deus para com Seus filhos e expressa o Seu desejo de levar a todos para o Céu.
Somente os sacerdotes são os ministros deste Sacramento. Ao administrá-lo, os sacerdotes ungem com o óleo a fronte e as mãos do enfermo (CIC 1516, 1530). Este óleo, chamado Óleo dos Enfermos ou “Santos Óleos”, é um dos três que o Bispo da Diocese abençoa na sua catedral na manhã de Quinta-Feira Santa. Os outros dois óleos são o Santo Crisma e o Óleo dos Catecúmenos, utilizado no Batismo.
Enquanto faz as unções, o sacerdote recita a seguinte oração: “Por esta santa unção e por sua piíssima misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a Graça do Espírito Santo, para que, liberto dos teus pecados, Ele te salve e, na Sua bondade, alivie os teus sofrimentos” (CIC 1513). Ao receber este Sacramento, o enfermo recebe a graça do reconforto, a paz e a coragem para vencer as dificuldades próprias do seu estado de enfermidade ou de sua fragilidade na velhice (CIC 1520).
Pela santa Unção dos Enfermos e pela oração dos presbíteros, toda a Igreja encomenda os doentes ao Senhor, sofredor e glorificado, para que os alivie e os salve: mais ainda, exorta-os a que, associando-se livremente à paixão e morte de Cristo, concorram para o bem do povo de Deus (CIC 1499). O Seu amor de predileção para com os enfermos não cessou, ao longo dos séculos, de despertar a atenção particular dos cristãos para aqueles que sofrem no corpo ou na alma.
GABRIEL NAFFIN
Seminarista de Filosofia